domingo, 20 de janeiro de 2008

o momento divino

“… desde sempre me interroguei sobre o porquê do orgasmo ser algo que não tem similitude com qualquer outra sensação do corpo humano… ou seja, os sentidos proporcionam-nos sensações definidas e concretas que sabemos entender e para além de as poder referenciar, podemos também encontrar algumas parecenças entre umas e outras… estou a lembrar-me, por exemplo, do “prazer” de aliviar a bexiga, do “prazer” de espirrar, do “prazer” de inspirar a maresia, do “prazer” de saborear um bom gelado, etc… nesses prazeres, podemos encontrar algumas parecenças entre uns e outros mas todos eles definidos, circunscritos e absolutamente “normais”... o prazer no momento do orgasmo é algo que transcende todos os outros… é o prazer supremo… o cume dos sentidos… o topo de gama!... em toda a minha vida ainda não encontrei nada melhor, nada que proporcionasse ao meu corpo (e penso que ao meu espírito) a escalada ao pico dos prazeres sensoriais… é algo que não tem explicação... podem vir com teses neurológicas, fisiológicas e outras que tais mas a verdade final será sempre a mesma: maior e melhor prazer que um orgasmo, não existe!... daí que, me tenha interrogado ao longo da vida sobre o porquê de tal sublimação!... ou seja, porque razão é aquele e não outro o prazer maior… há filosofias que defendem a ideia de que o sexo é a sublimação por excelência na medida em que significa a união que cria vida… repensei e admiti que o orgasmo também pode ser obtido por estimulação solitária, a vulgar masturbação... porém, aprendi ao longo dos tempos que há diferença entre o prazer que se obtém no orgasmo provindo dum acto solitário e o que se obtém na junção de dois corpos no acto da mais pura cópula, entenda-se vaginal... assim, fui procurando tentar entender porque razão a “natureza” premeia com um prazer sublime todo e qualquer acto sexual na junção de um pénis com uma vagina… desde a necessidade de procriar para a continuidade da espécie, até à frase batida de que até os bichinhos gostam, a verdade é que de todos os actos humanos, aquele é o topo de gama!... só pode haver uma razão: ser aquele momento, o momento divino, o momento em que Deus está em nós e se sublima, sublimando-nos!... é o momento em que Ele vive, em que Ele vibra… é o momento em que Ele diz que existe, que está, que é… é o momento em que Ele nos penetra em totalidade e num único e breve instante Ele se reduz à insignificância do Homem e se transcende na divina certeza de que aquele é tão-somente e apenas o momento da fusão da carne e do espírito… o fugaz momento em que o Homem se torna Deus!...”

3 comentários:

Ai e Tal... disse...

Não sei se o orgasmo é a fusão entre carne e espírito... O que sei é que é uma sensação deliciosa... A sensação mais deliciosa... É o momento onde se sente tudo que é musculo do corpo; é o momento onde tudo contorce, tudo fica baralhado, onde se perde o controlo total, e se grita, berra, geme... O momento em que se diz: "não pares"...Sem dúvida, concordo consigo... é o melhor momento, é a cereja no topo do bolo...

***MUAH***

chuva de prata disse...

Poema-Orgasmo

De sílabas de letras de fonemas
se faz a escrita. Não se faz um verso.
Tem de correr no corpo dos poemas
o sangue das artérias do universo.

Cada palavra há-de ser um grito
um murmúrio um gemido uma erecção
que transporte do humano ao infinito
a dor o fogo a flor a vibração.

A Poesia é de mel ou de cicuta?
quando um Poeta se interroga e escuta
ouve ternura luta espanto ou espasmo?

Ouve como quiser seja o que fôr
fazer poemas é escrever amor
e poesia o que tem de ser é orgasmo.

ARY DOS SANTOs



Há textos que são autênticos orgasmos de alma!
um prazer imenso se instala dentro de nós,libertando sussurros de vida...
escrever assim é fazer amor com as palavras!
como Ary o seu texto é provocador,sensível,verdadeiro,e profundo


um abraço com aromas...

joaninha disse...

..."só pode haver uma razão: ser aquele momento, o momento divino, o momento em que Deus está em nós e se sublima, sublimando-nos!... é o momento em que Ele vive, em que Ele vibra… é o momento em que Ele diz que existe, que está, que é… é o momento em que Ele nos penetra em totalidade e num único e breve instante Ele se reduz à insignificância do Homem..." Será por isso que não sou crente?!!!
BOM REGRESSO!
Que texto magnifico!
Um abraço